sábado, 21 de novembro de 2009

A Farmácia





Se há figuras que nos têm acompanhado através dos tempos, o farmacêutico é uma delas. Desde as mezinhas da Dona Gertrudes que tanto curavam hemorróidas como dores de dentes, às plantas , plantinhas , folhas e folhinhas que apenas com uma gota do seu sumo conseguiam curar unhas encravadas, dor de burro, pneumonias e em último caso até conseguiam fazer ressuscitar as pessoas. Fantástico ! Admiro aqueles que acreditam nisto sem precisarem  tocar em qualquer tipo de bebida alcoólica. Para mim, e para muitas crianças da minha geração e de gerações passadas e quiçá, de gerações futuras, o farmacêutico será sempre aquela pessoa que nos dá coisas para enfiarmos pelo cú acima. Vocês perguntam então, e com muito direito (e um bocado de esquerdo também . .), será aquele senhor da Sex Shop um farmacêutico ?! Eu respondo que não, pois o tipo de coisas que ele lá vende para enfiar-mos pelo dito cujo acima, são mais num espirito de desentupimento do que profiláctico. A farmácia é uma segunda casa para pessoas acima dos 70 anos, pois juntamente com os balcões da Caixa Geral de Depósitos, são os locais onde passam mais tempo logo a seguir às suas próprias habitações. Estes apanham correntes de ar de propósito com o intuito de ficarem doentes só para poderem ir à farmácia aviar uma aspirinazita e desta maneira terem contacto fisico com outro ser humano sem ser a Julia Pinheiro nas 'Tardes da Júlia'. Temos de consciencializar as pessoas que os farmacêuticos são farmacêuticos e os médicos são médicos; as pessoas têm a desagradável tendência para correrem para as farmácias chatear os profissionais que lá trabalham e mostrar partes do corpo que nem em privado e nem na escuridão da noite o deveriam fazer. Para isso existem os médicos, é a ordem lógica das coisas , 1º lugar vai-se ao médico, ele dá um papelinho que comprova a nossa presença no local e depois sim, com esse papel vamos à farmácia, onde rezamos a Deus nosso senhor, ao Alá , ao Buda , ao Jeová e até ao Pastor Ezequiel a quem deixamos 20€ cada vez que lá vamos, para que ele não nos dê o dito cujo de enfiar na porta de saída do nosso organismo. Claro que se nos chamarmos Castelo Branco a coisa muda de figura, e até uma simples aspirina é enfiada em sítios que o comum dos mortais apenas usa para se sentar.
Existe uma ideia, a meu ver errada, de que os farmacêuticos estão um degrau abaixo dos médicos numa pseudo-hierarquia, pois limitam-se a vender o  que os 'xô doutores' escrevem num papelinho com uma letra que só eles mesmos conseguem decifrar. E essa sim, é a parte complicada do curso de medicina, conseguir escrever 'à lá médico', daí o curso ser tão longo. O que os médicos fazem tambem eu consigo fazer; se olhar para a garganta e ela estiver vermelha e com pontos brancos, sei que é preciso um antibiótico. O dificil,e daí eu dizer que os farmacêuticos são mais importantes que os médicos,é curar a doença. Quem tem a faca e o queijo na mão, ou neste caso, os ben-u-rons e os aspegics, são os farmacêuticos. Não é aquele papel cheio de hiéroglifos dos médicos, mas sim aqueles comprimidinhos brancos maravilhosos que pomos na boca (ou noutros sítios, deixem lá o Castelo Branco em paz pá . . ) e ficamos bons.
Uma coisa que nunca percebi e muito provavelmente jamais irei perceber, é o porquê dos farmacêuticos prepararem os antibióticos às pessoas. "Faça-me um favor, prepare-me o antibiótico", por amor de Deus, será assim tão difícil pôr 3 dedos de agua da torneira num frasco que por acaso até tem lá uma setinha a indicar até onde devemos pôr a dita cuja ?!
Havemos de chegar a um ponto em que juntamente com o antibiótico também damos ao farmacêutico aquele par de peúgas fedorentas e rotas no dedão para ele dar um pontinho ou pior ainda, depois de comprar uma caixa de supositórios, pedir uma ajudinha para dar um empurrãozinho ao missil de paracetamol para ele entrar na rampa de lançamento . .


2 comentários:

  1. Como é óbvio o senhor fala sem conhecimento de causa, mas como até gosto de si, não vou ser tão ríspido na resposta. Fica apenas uma achega; O antibiótico é preparado na farmácia ao invés de ser na casa do doente porque em príncipio:
    1- Este não possui em casa água bi-destilada e desionizada conforme descrito na farmacopeia portuguesa;
    2- Não sabe a diferença entre o anel que define a superfície do líquido e a sombra deste que engana aquando da aferição com o "tracinho";
    3- Não sabe que tem de agitar previamente o frasco com pó ("xiii o quê??? tem de se agitar o pó?? Estes gajos são malucos..??") de modo a minimizar o fenómeno de "caking" que muitas vezes pode acontecer e com o qual tanto o senhor como o homem das obras que vai à farmácia não estão treinados para verificar e que determina muitas vezes diferenças na concentração pretendida...

    Fico-me por aqui, mas como deve calcular mesmo a água da torneira da senhora que tem uma casa ilegal na cova da moura deve ser ligeiramente diferente da água que utilizamos na farmácia...

    Além do mais, o post assume que mesmo que as condições que eu descrevo fossem cumpridas, todas as pessoas que levassem antibióticos para casa para preparar, tivessem no mínimo a inteligência que o senhor o eu temos. Assim, partimos do princípio que não...

    Grande abraço ó panuco!

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  2. Pois, o problema é que estamos em Portugal e o que 'em principio' seria normal, no fim acaba por ser anormal. Devias-me pagar por ter valorizado os farmacêuticos (que era o objectivo do post), mas eu esqueço isso em troca de 4 caixas de pilulas, 3 de ben-u-ron e 2 de Centrum. Ah, e continuo a achar que seja com agua bi-destilada, da torneira ou até mesmo com cuspo, a preguiça e a estupidez impede que as pessoas enchem o frasquinho até a seta dando assim trabalho ao farmacêutico . . depois queixam-se que há filas de espera . .

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