Começo a ficar seriamente farto de ouvir notícias repetidas. De manhã, hora de almoço, à tarde e ao jantar, as notícias são as mesmas, o que muda são os apresentadores. Não tenho pachorra nenhuma para isso e além do mais, odeio coisas repetidas, e como prova disso é o facto de só lavar os dentes uma vez por dia e só tomar banho uma vez por semana. Como gosto de me manter minimamente informado sobre o que se passa no mundo e arredores, visito todos os dias o site da Playboy e ocasionalmente, vou ao Correio da Manhã online para ver as fofocas. Foi neste último que vi uma palavra que para azar dos azares, tinha a irritante tendência de ser repetida várias vezes ; Bullying. Tenho que admitir que, assim como quem não quer a coisa, o primeiro impacto foi positivo - pensei que tivesse qualquer coisa a ver com sexo envolvendo animais taurinos - mas não, para grande galo meu, não tinha nada a ver com isso. Quis pôr-me a par da situação, pois conhecimento geral ajuda muito a engatar gajas online. Fui a 3 talhos, 2 matadouros e até paguei bilhete para assistir a uma tourada no Campo Pequeno, mas ninguém me conseguiu explicar o que era isso do Bullying. Foi então que perguntei ao meu filho de 4 anos e ao fim de mais de hora e meia a ouvi-lo, eu lá percebi ; é sempre bom ter alguém em casa que nos possa explicar as coisas. Foi então que se fez luz naquela parte do corpo que serve para segurar o boné : vou entrar na onda e vou fazer Bullying! E assim fiz , saí de casa apenas dando 2 voltas com a chave na porta, afinal de contas, ninguem se vai atrever a assaltar-me a casa porque eu faço Bullying !! O primeiro passo estava dado, agora preciso de me vestir a rigor e arranjar os acessórios certos para o trabalho. Fui ao Continente e comprei uma T-shirt que dizia :"Muuuuuuu , i´m a bully" , aproveitando o desconto que tinha em cartão. Entrei noutra loja e comprei um taco de baseball, uma pistola e um martelo - tenho de pendurar uns quadros lá em casa senão ela bate-me . . e lá fui eu. Parei á porta da primeira escola que vi ; perna dobrada e encostada ao muro, escarreta verde na ponta da língua e mão direita enfiada dentro das calças a coçar a tomateira. Foi nesse instante que vi a minha vítima ; antes de me ver já vinha a cambalear, olhei para ele, fiz cara de mau, mandou-se logo para o chão a chorar e começou a andar de gatas. Resolvi avançar e dar o golpe final. Foi nesse preciso instante que aparece a mãe, pega nele, mete-o na cadeirinha de bébé dentro carro, vira-se para mim e diz " francamente, devia ter vergonha, um matulão do seu tamanho a meter-se com um bébé de 10 meses!!" e não foi de modas e pregou-me um estaladão nas ventas que até vi estrelas. Depois de uma noite na esquadra, e de ter percebido de perto e, inclusive, de várias maneiras e feitios, o que é realmente o termo Abuso Sexual, achei que talvez o Bullying não fosse a minha onda. Talvez o Cowing fizesse mais o meu estilo, uma espécie de Bullying mas mais soft, algo que ninguem se lembrou ainda e vendo bem, eu não sou gajo de fazer coisas que os outros não se lembram, por isso desisti do Cowing antes mesmo de ele existir.
Mas algo de positivo ficou nesta experiência toda. Ainda hoje continuo a pensar, quem terá sido o animal intelectual que inventou o termo Bullying ? Quer dizer , não havia nada melhor ?? Aliás, será que não havia nada na lingua portuguesa que pudesse aplicar-se à situação ? Ou será que o gajo que apelidou o Bullying, é o mesmo que faz as magníficas traduções para português dos títulos dos filmes americanos, tais como Angel Heart - Coração Satânico, Giants - Assim Caminha a Humanidade, Batteries not included - O Milagre da Rua 8, ou Die Hard, que em português teve a espectacular, assombrosa, brilantemente ESTUPIDA tradução de Assalto ao Arranha-Ceus. Enfim, palavras para quê, é um artista português . . .