domingo, 3 de janeiro de 2010

O Restaurante Chinês




Outro dia fui ao chinês almoçar. Digo simplesmente chinês, porque me recuso a pronunciar o nome de um restaurante que mais parece uma criança de 1 ano a balbuciar Xin Xin huan, Papa Hu Quian ou algo parecido. Entrei, e passados 3 segundos já tinha o que eu pensava ser um chinês à minha frente. Pensava, porque assim que ele abriu a boca e disse "Oi boa tárdji", vi logo que ali havia marosca. A minha primeira reacção foi sair porta fora e vir espreitar o letreiro com o nome do restaurante, não fosse ter-me enganado e ter entrado no Chimarrão em vez de ter entrado no Chinês. Estava mesmo no chinês. Voltei ao local do crime. Era mesmo um brasileiro que me estava a atender. Tirei as dúvidas quando olhei para a placa que eles usam com o nome deles e estava lá escrito Robson Rodrigues em vez de Lobson Lodligues, caso fosse chinês. Sentei-me ao pé do aquário para não me sentir tão sozinho. Peguei na ementa e meti mãos à obra. A fome não era muita, mas o crepe é obrigatório, caso contrário eles podem levar isso como uma ofensa  à tradição do monge shaolin ou ao bruce lee ou ao raio que os parta e darem-nos uma carga de porrada que durante 2 meses só conseguimos comer cerelac. Agora só me faltava escolher um dos 3,795 pratos disponiveis na lista. Já que nunca vou perceber o que é que tou a comer, mais vale escolher o mais barato que a vida tá difícil. A sopa, tá quieto! recuso-me  a comer seja o que for numa concha de porcelana igual à que tem as cinzas do meu tetra-avô; se é essa a onda dos chinocas, tudo bem, a minha não é de certeza. Pedi um chop soy de frango a acompanhar com arroz xau-xau, um pedido simples e fácil de entender, embora não devesse haver problema já que o empregado falava a mesma língua que eu. Oviamente que deu buraco. Não é que a besta do homem tinha sido despedido do Chimarrão no dia anterior e, provavelmente ainda na onda, me trouxe carne de porco com cebola e arroz branco com feijão a acompanhar ?!? Até aqui ainda vá que não vá, mas não aguentei  e tive que lhe chamar 7 ou 8 palavrões - metade em português e metade em 'brasileiro' para ter a certeza que ele entendia- quando ele me pôe no prato uma banana frita !! Se eu quisesse comer carne, arroz, feijão e banana frita tinha ido ao brasileiro, mas não, fui ao chinês porque gosto de comer algo que não faço a mínima ideia do que seja, mas que até nem sabe mal de todo. Entretanto fui à casa de banho dizer xau xau ao arroz. Quando voltei, enganei-me e fui parar a uma sala com 3 máquinas de lavar roupa, alguidares e várias peças de roupa estendidas em cordas; no canto brincavam 4 ou 5 chinesitos pequeninos, cada um com uma espada e uma estrela ninja. Enfim, um retrato tipicamente familiar e caseiro, não fosse um pormenorzinho sem importância: eles não estavam em casa, aquilo é um local de trabalho !! Eu não quero comer num sítio onde lavam as cuecas cagadas, as meias com xulé e onde voam estrelas ninjas por todo o lado . Voltei para a minha mesa em pezinhos de lã, não fosse algum deles me manjar e me prender numa cave escura 8 pisos por baixo do solo, dando-me um trevo de quatro folhas como único alimento e rezar a Deus que o Eddie Murphy estivesse por perto para me salvar. Fui dar à cozinha; tive o meu segundo pseudo-enfarte do dia. Dos 4 cozinheiros, o mais branco era da cor do Eusébio, e a menos que tenham ficado pelos menos duas semanas fechados numa máquina de solário, de chineses não tinham nada. Pensei para mim: empregados brasileiros, cozinheiros africanos, será que há algo de chinês nesta merd* ?? A resposta veio do cú de um dos empregados, que pesava perto de 200kg, sendo metade só de gases que, para azar dos azares, resolveu libertá-los a todos naquele preciso momento. Noutra situação, não ficaria tão aborrecido como fiquei, até porque eu próprio sou um fervoroso apoiante da libertação de gases anais, mas, e tendo em conta que levei com aquele bafo todo nas ventas, posso dizer que me senti no direito de ficar um pouquinho aborrecido. A China é dos maiores poluidores mundiais e o cozinheiro fez o favor de me relembrar isso. Só naquela cozinha havia gases suficientes para mandar abaixo mais de metade da camada de ozono. Ao fim de 45 minutos, consegui finalmente chegar à minha mesa. Chamei o Robson e pedi a sobremesa. Antes que ele fizesse asneira de novo, disse-lhe logo para não me trazer nem brigadeiros nem doce de leite. Comida a sobremesa, chegou a hora de pedir a conta. Aí não há enganos, passados 10 segundos já tinha o papelinho na mesa e que remédio tinha eu senão pagar, apesar de ter comido o que não pedi, de ter visto o que não queria ver e de ter inalado o conteúdo do estômago do cozinheiro africano. Paguei e pirei-me dali. Ainda tinha uns minutos antes de ir fazer uma sesta, e resolvi entrar numa loja do chinês mesmo ali ao lado.
- Olá boa tarde , tem fichas triplas ?
- Oi cara , tudo bem ? ficha tripla ? com certeza . . .
NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO ! ! OUTRA VEZ NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOO ! ! !




2 comentários:

  1. Agora depois de ler este maravilhoso texto um dos melhores ao meu ver, gostaria de saber se isto foi um mero post, ou existe um pouco de verdade nestas tuas palavras, pois se existe quero saber já onde é o restaurante para nunca passar nem lá à porta, que cena macabra,lol, fonix...;)

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  2. Pois, ora aí está algo que jamais vais saber !! Será verdade ou será pura imaginação ? A dúvida vai-te roer por dentro e o segredo irá comigo para a cova . . .

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