quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O Hospital




Por detrás da palavra hospital está uma instituição bem conhecida de todos nós. Podia dizer bordel que era igualmente uma palavra conhecida por todos, ainda que neste caso não fosse conhecida por detrás mas também pela frente, por cima, de lado, de baixo, na diagonal etc, mas vou-me centrar no hospital, que é afinal, o tema principal. O hospital acompanha o ser humano nas 3 fases da sua vida: o nascimento, a fase adulta e o bater as botas. Para aqueles que têm a sorte de não terem nascido no Pavilhão Atlântico a meio de um concerto do Tony Carreira ou no McDonald's, entre um big mac e um sundae de chocolate, muito provavelmente nasceram num hospital. Para aqueles que ainda estão a pensar no sundae de chocolate e a ouvir 'Sonhador sonhador, mas ao menos a sonhar' ,esta é a primeira fase, o nascimento. A fase seguinte é practicamente durante toda a nossa vida enquanto adultos, quando somos clientes assíduos destes estabelecimentos, uns mais que outros; é daqueles sítios que não convem nada frequentar com muita frequência senão entramos num grupo a que eu muito carinhosamente chamo de 'tou mais para lá do que para cá'. Nesta fase, o hospital só serve para uma coisa; faltar ao emprego. É a melhor desculpa possível para um gajo ficar em casa de chinelo a ler o correio da manhã e a ver que tipo de cortinado o Goucha vai trazer vestido hoje para a televisão. Isto, juntamente com o vizinho do último andar que por mero acaso e por obra do Senhor (aleluia irmão!! ) é médico e se sente eternamente grato por lhe termos arranjado uma box pirata da Tvcabo para ele poder ver a Sporttv e nos passa um atestado médico com um sorriso mais idiota que as figuras que o Ricardo Pereira faz quando tenta falar brasileiro.  Depois vem a última fase, que por sinal é um bocado desagradável, que é quando um gajo patina. Quando estamos num tunel escuro e lá ao fundo começamos a ver uma luz branca muito brilhante e de repente nos sentimos bem, das duas uma: ou estamos no metro e acabamos de dar aquele peido de minuto e meio que estava entalado nas bordas desde que nos levantámos para ir cagar de manhã, ou então é sinal que o S.Pedro precisa de mais um para jogar à sueca e para azar dos azares, tocou-nos a nós ! Mas o que realmente me fascina nos hospitais, é a Urgência. Usada pelos velhotes como local de convívio, torna-se num hobbie para eles, chegando ao ponto de nem saberem porque lá estão :
- Então Dª. Felizberta, que é que a traz cá hoje ?
- Olhe sôtôr, tou cheia de dores de cabeça
- Mas oh Dª. Felizberta, isso não é motivo para vir às urgências . . .
- Ai não? hummmm, nesse caso tenho . . hummmm . . . já sei! tou cheia de comichões debaixo da unha do dedo mindinho da mão esquerda !
- Oh minha senhora, por amor de deus !!
- Já sei, já sei !! sou ceguinha de um olho ! que tal ?
- Isso não é motivo para vir às urgências Dª. Felizberta, a senhora é ceguinha há 45 anos !!
- Hummmm . . . . . . . . . . . . . . por acaso não tem horas que me diga, não ?!
Isto para dizer que vemos de tudo nas urgências. Desde a senhora com o intestino perfurado devido a brincadeiras com o vibrador, ao homem de negócios que ficou com a cara igual à do Savimbi depois de ter comido marisco estragado. Há uns tempos tive um episódio para lá de gravíssimo numa urgência. Acordei com um terçolho. Como é obvio num caso de tamanha gravidade, não quis colocar a minha vida em risco e corri para as urgências. Ao chegar lá, a senhora do guichet diz-me que estão 1254 pessoas à minha frente, e que o tempo médio de espera é de 2 dias e 2 noites; liguei logo para casa a dizer para não contarem comigo para jantar. Ao meu lado estava um sujeito que tinha ficado sem um braço quando pescava caranguejos. À minha frente estava um marmanjo que tinha levado 5 facadas no coração e perdido mais sangue que uma mulher com o período . Fiquei chocado quando soube que estavam à minha frente para serem atendidos. Aquela russa que conheci no bar de strip também me destruíu o  coração e não foi por isso que corri para as urgências! Já não há homens como dantes. A coisa piorou quando um enfermeiro loiro de olhos azuis, de seu nome TóZé, de tanto eu piscar o olho, me veio entregar um papel em forma de coração com o seu numero de telefone.  Eu não teria ficado tão irritado com esta situação toda se não tivesse certeza que o terçolho me estava a incomodar dez vezes mais que o braço ou o coração dos outros dois, até porque entretanto conheci outra russa no mesmo bar de strip que tem mais elasticidade no corpo que uma barra de plasticina.
Se querem um conselho, utilizem os hospitais e as urgências quando estão constipados, com dores de cabeça, com unhas encravadas, boca seca ou em último caso, quando sentem azia. Em casos mais graves, liguem directamente para a funerária e não façam perder tempo a quem tem a vida em perigo, como foi o meu caso . . .

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